Em jeito de despedida

E... se Inês se tivesse despedido do seu amado? O que lhe teria dito? Nós imaginámos que poderia ter sido assim:

Em jeito de despedida

Longe de ti, caro esposo,
fui em terras de Coimbra acolhida.
Nosso amor, nosso grande amor,
aos olhos do povo era proibido.

Tinha por refrigério teu cheiro,
Tuas lembranças,
Teus filhinhos caros,
Que ali, junto do rio,
A sua inocência gozavam

Queria amar-te, beijar-te,
Queria viver simplesmente,
Queria criar os filhinhos cândidos
belos e ledos, inocentes
De todo o mal e absoltos de culpa.

Mas quiseram os fados
Quis o povo e a inveja dos Homens
que nosso amor,
Nosso contentamento,
Tivesse inquietantes acontecimentos.

Tentei, amor, bem sabes
Fugi para o desterro das terras
transtaganas,
Procurei livrar-te do feitiço
Fiz o que pude e não pude,
Mas tudo em vão….

Meu amor era mais forte,
nosso amor vencia barreiras,
Chorei lágrimas de angústia,
Chorei lágrimas de tristeza
Quis esquecer-te e venerar-te como
Rei e senhor. Mas como? Se és dono do meu ser?

Paguei caro este amor,
o preço mais alto que se pode ter: -paguei com a vida
pagaram meus filhos com a dor
pagaste tu, meu amor,
conjugámos o verbo em todas as pessoas.

O meu silêncio teve um preço,
A paz dos homens punha em perigo,
Mas será paz que o reino teve,
Depois de tamanho sacrifício?

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