D. Pedro I

A Minha História
- Por D. Pedro I de Portugal -

Eu, D. Pedro I, oitavo rei de Portugal, nasci no dia 8 de Abril de 1320 em Coimbra. Sou o filho primogénito do rei D. Afonso IV e de Beatriz de Castela.
Casei primeiro com a princesa Branca de Castela, a quem repudiei por debilidade física e mental. Depois, em Agosto de 1339, casei com Constança Manuel, filha do duque castelhano D. João Manuel. Minha esposa aquando da sua vinda para Portugal trouxe toda uma comitiva. Era um cortejo de gente importante. Havia fidalgos, escudeiros, segréis, trovadores, aias e damas de companhia.
Quis o destino que me apaixonasse por uma das suas damas, de seu nome Inês de Castro, a minha Inês, a Inês de Portugal. Muitas histórias e historietas foram criadas em torno do nosso romance. A verdade é que a maldade dos homens, o medo, o desespero e a falta de confiança ditaram a sua malfadada sorte, como bem sabeis.
Devo dizer-vos que o amor correspondido não foi de imediato. Inês era uma dama, era virgem e pura donzela. Resistiu por algum tempo às minhas provocações e aos meus olhares. A sua beleza e graça não me eram indiferentes. Apaixonei-me por ela, os bafos do amor e os fados assim o quiseram.
Apesar de não ser feliz no meu casamento (devo lembrar que foi um casamento político) dei cumprimento ao meu dever de primogénito. Tive descendentes, perpetuei a minha descendência e garanti a independência de Portugal. Com D. Constança tive três filhos: o infante D. Luís (que morreu pouco depois de ter nascido), o infante D. Fernando e a infanta D. Maria. Minha esposa faleceu (com muita pena minha) de desgosto. Eu não a amava como ela tanto queria. Foi uma dama discreta, fiel e subserviente, disso tenho consciência, mas não havia amor, era apenas cumprimento do dever.
Após a morte de minha esposa fiquei livre, pensava eu, para poder viver com minha amada e meus filhos. Mas meu pai e seus conselheiros assim o não entenderam. Devo dizer que eu e meu pai, o soberano Afonso IV, nos desentendemos várias vezes. Ele bem tentou demover-me dos meus intentos para com minha amada Inês, mas quando se ama não há longe nem distâncias. Foi então que, para nossa grande felicidade, nasceu o nosso primeiro filho, a quem demos o nome de Afonso. Seguiu-se D. João, D. Dinis e D. Beatriz. Pensava eu que iríamos viver felizes para sempre, junto de nossos filhos e netos. Como poderia eu pensar que meu pai, meu próprio pai, seria capaz de me tirar o meu maior amor? Mas foi, e a minha Inês, foi-me retirada em 1355, na Quinta das Lágrimas, numa tarde enquanto estava na caça. Foi assassinada pelos conselheiros de meu pai, que lhes deu autorização.
Caí em revolta. Quando meu pai morreu, em Maio de 1357 e eu subi ao trono, a primeira coisa que fiz foi aclamar minha formosa Inês Rainha de Portugal, obrigando todos os nobres portugueses a fazer a cerimónia de beija-mão real. Apelidaram o meu reinado de cruel, mas eu tentei ser o mais justo possível; não olhei a amizades nem a parentescos. Depois de encontrar os traidores conselheiros de meu falecido pai, tirei-lhes a vida, tal como fizeram com minha amada. A meu ver, finalmente tinha sido feita justiça.
Havia então uma moça lá por perto, de seu nome Teresa Lourenço, com quem me deixei, por muita raiva minha (ainda amava a minha Inês), envolver. E foi assim que, no fim desse mesmo ano de 1357, nasceu nosso primeiro e único filho, o futuro El’ Rei D. João I (Mestre de Avis).
Minha vida continuou então, tranquilamente reinando durante dez anos, até ao meu falecimento em Estremoz, dia 18 de Janeiro de 1967. Por minha grande vontade fui sepultado no Mosteiro de Alcobaça junto de Inês, eternos apaixonados, para que até mesmo na outra vida pudéssemos continuar a ser amantes, vivendo o nosso amor com mais ternura e vontade que nunca.

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